sexta-feira, 25 de março de 2011

Fixação de tecidos para exame histopatológico

A fixação é um passo fundamental do processo do exame histopatológico e ocasionalmente negligenciada. A má fixação pode impossibilitar o êxito do exame histopatológico.
O processo de fixação se baseia em manter, de modo definitivo, as estruturas citológicas e histológicas das células e tecidos, evitando a degradação do material em decorrência de fenômenos autolíticos. Permite ainda a realização de inúmeras técnicas citológicas e histopatológicas.
Há diversas formas de se fixar um tecido, sendo a fixação obtida através do uso de substâncias químicas (fixadores) a mais adequada.

O formol:

O fixador mais utilizado para histopatologia diagnóstica é o formol a 10% (aldeído fórmico), devido ao seu baixo custo e simplicidade de uso.
O formol por ser extremamente volátil, provoca irritação dos olhos e vias respiratórias.
O aldeído fórmico precipita em concentrações superiores a 40%. Desta forma, chamamos a solução de formol a 40% de "formol puro".
Como todo aldeído, o formol é instável e um dos produtos de sua degradação é o ácido fórmico. Tal ácido freqüentemente interage com a hemoglobina produzindo um pigmento acastanhado chamado de "pigmento de formol" ou hematina. O uso de solução tampão evita a acidificação do fixador, impedindo assim o aparecimento do pigmento de formol.

Como o formol atua:
 
O aldeído fórmico atua como fixador interagindo com os aminoácidos lisina e arginina. Tal fixador não provoca precipitação de proteínas, não preserva gorduras livres, porém fixa lipídeos complexos. Provoca ainda, leve precipitação de outros constituintes celulares e não é o fixador de eleição para carboidratos. A capacidade de penetração do formol no tecido varia de um a três milímetros por hora, na dependência da qualidade do material. 

Preparando o formol para fixação:

Na prática diária não se é usado a solução de formol tamponada e sim uma solução simples de formol, feita a partir do aldeído fórmico e água corrente, seguindo a seguinte diluição:

Formol puro (formol 40% P.A.).............................100 ml
Água Corrente.....................................................900 ml

Com a proibição da distribuição de formol a 40% em muitos locais de país, tornou-se comum adquirir o formol a 10% e nestes casos a regra prática é:

Formol 10% - uma parte
Água corrente – uma parte

Com esta diluição a concentração de formol será um pouco superior à anterior, sem prejudicar em nada a qualidade da fixação.

Nos locais onde há disponibilidade de confeccionar o formol tamponado, seguir as seguintes diretrizes:

Formol puro (formol 40% P.A.).............................100 ml
Água Destilada...................................................900 ml
Fosfato de sódio monobásico................................ 4,0 g
Fosfato de sódio dibásico...................................... 6,5 g

REGRAS GERAIS E PRÁTICAS PARA UMA BOA FIXAÇÃO
 
1. Fixe tecido o mais rápido possível depois da retirada;
2. Não fixe fragmentos com mais de 6 mm de espessura, pois o fixador possui capacidade de penetração lenta, se o fragmento for muito espesso haverá autólise no centro do tecido;
3. Evite: pinçar, tracionar ou manipular em excesso os tecidos;
4. Use sempre um volume de fixador superior a 10 vezes o volume da peça, por exemplo: se o fragmento medir 0,6 mm de aresta, usar pelo menos 6,0 ml de formol a 10%;
5. Se o tecido for delgado, como a parede de um órgão tubular, promova a aderência do material em um papel cartão ou abaixador de língua e então coloque em contato com o líquido fixador.
6. Fixe o material por um período de 6 a 24 horas, agitando o frasco esporadicamente;
7. Mantenha a peça sempre submersa no fixador;
8. Coloque a peça no fixador e não ao contrário. Isso evita que o material fique aderido no fundo do recipiente;
9. Use recipiente de boca larga (tipo frasco de maionese). O processo de fixação promove um "endurecimento". Não use frasco de boca estreita (frasco tipo penicilina), pois com o endurecimento da peça poderá ser impossível removê-la do frasco sem causar prejuízos ao material.

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